4 de novembro de 2011

Psicoterapia Quântica



Francisco de Biasi e Mário Sérgio Rocha

Fenômenos espirituais, transpessoais e paranormais, feitiçaria, a mente influenciando a matéria, o ser humano, sua saúde e suas condições existenciais… Porque cientistas de renome como William Crookes, Charles Richet, J. B. Rhine, Carl G. Jung, e mais recentemente Stanislav Grof, Walter Pankhe, Pierre Weil, Jean Yves Leloup, Dean Radin, Charles Tart, Lawrence LeShan, Robert Jahn, Brenda J. Dunne, Timothy Leary, Ralph Metzner, Ram Dass, Stanley Krippner, Karl Pribram, Rupert Sheldrake, Amit Goswami, Russel Targ, Harold Puthoff e outros dedicaram ou dedicam sua vida, à investigação da consciência e destes assuntos ? Sempre houve em todas as culturas e tradições, pessoas que consideravam estes temas de importância vital para uma compreensão mais apurada da realidade, o mesmo ocorrendo em nossa avançada e científica civilização tecnológica. Porém, se nos guiarmos pelo modelo cultural acadêmico, pelo paradigma oficial de nossa civilização científica, veremos que fenômenos como o poder da oração e da meditação, telepatia, premonição, influências da mente sobre a matéria, entre outros, seriam considerados como impossíveis de ocorrer. Segundo a visão científica cartesiano-newtoniana que domina nossas universidades e instituições científicas, e pela perspectiva da psicologia, psiquiatria, neurologia, neurociências, biologia e física acadêmicas, nossa mente não pode agir além do cérebro, e influenciar diretamente objetos e pessoas, encontrando-se limitada por rígidos padrões de tempo e espaço. Ou seja, nossa mente seria uma mente aprisionada no cérebro. Uma mente local. Mente local e mente não-local Para que a mente possa influenciar diretamente a matéria, as situações à nossa volta, e a vida, é necessário que ela seja capaz de transcender as fronteiras espaço-temporais do cérebro, ultrapassando os limites da localidade, conforme entendido na visão cartesiana-newtoniana da física clássica. Para isto necessita ser uma mente não-local, que vá além do cérebro e dos limites da pessoa, ou seja, uma mente transpessoal, uma consciência holística com a capacidade de ultrapassar nossos limites pessoais, interagindo continuamente com todo o universo à sua volta. O princípio da não-localidade, que é o modo não-local de funcionamento do universo, por íncrível que pareça, já faz parte da ciência desde 1982, quando o físico francês Alain Aspect e colaboradores comprovaram experimentalmente a existência dessas ações não-locais. Mais recentemente, em julho de 1997, Nicholas Gisin e colaboradores comprovaram a existência das ações não-locais, quântico informacionais, em nível macroscópico. A não-localidade, característica dos fenômenos subatômicos da física quântica, permite que, por exemplo, dois elétrons, mesmo separados por uma distância astronômica, possam influenciar-se mutuamente, de forma instantânea, não-local. Uma consciência transpessoal, com esta qualidade de não-localidade, ou seja, com o poder de influenciar a mente e a matéria instantâneamente, em qualquer tempo ou espaço do universo, manifestaria de modo natural, fenômenos transpessoais como oração intercessória, telepatia, psicocinese, pré-cognição, paranormalidade, e cura à distância, entre outros. Ciência, parapsicologia e fenômenos espirituais “No entanto, para grande parte da comunidade científica acadêmica, admitir que a consciência possui uma natureza capaz de atuar tanto no modo local, mecanicista ( cosmovisão newtoniana ) como no modo não local, sistêmico ( cosmovisão holística ), seria uma heresia, um assunto com o qual não se deve desperdiçar o precioso tempo da investigação científica, nem os recursos que a financiam. É da essência do método científico não admitir em seu arcabouço a existência de preconceitos. É da própria natureza e definição do método científico estar aberto para investigar qualquer evento sem julgamentos a priori, por mais insólito que pareça ser. Embora seja da natureza dos cientistas, humanos que são, contrariando a ciência, fecharem-se em dogmas e círculos de poder, que atrasam o avanço da ciência e impedem o livre debate científico. Para a verdadeira ciência, qualquer fenômeno é digno de investigação. Um cientista que se deixe dominar por preconceitos, ou se deixe envolver por interesses de grupo, financeiros, ideológicos ou corporativistas, ignorância, e jogos de poder está abandonando o terreno da ciência e se encastelando na torre de marfim do dogma, postura que conduz a uma visão acadêmica científica conservadora, se é que podemos chamá-la de científica, pois exclui dos meios oficiais da ciência e das universidades, as modernas descobertas e pesquisas científicas que negam aspectos fundamentais da visão de mundo cartesiana-newtoniana e fundamentam a nova perspectiva holística e transpessoal. Apesar da comprovada existência de imensos preconceitos, e interesses os mais diversos, fortemente atuantes nos bastidores dos meios científicos e acadêmicos em todo o mundo, muitos pesquisadores vêm conseguindo se aprofundar no estudo da natureza da consciência, e na investigação dos fenômenos parasicológicos, transpessoais e espirituais. Os milhares de experimentos científicos laboratoriais e de campo, e os milhares de relatos psicoterapêuticos consistentes e convergentes, realizados por pesquisadores de notória e indiscutível capacidade e honestidade, vêm demonstrando exaustivamente que a natureza da consciência é simultaneamente local e não-local, e que a existência de fenômenos paranormais, espirituais e transpessoais são uma consequência natural do modo de funcionamento não-local da mente. Tais dados, foram confirmados por pesquisadores independentes, nas áreas de medicina, psicologia, biologia, neurobiologia engenharia, física, ciências da computação, ciências cognitivas etc, estudando sujeitos submetidos a estados alterados de consciência ou não, utilizando métodos com tecnologia computadorizada de ponta como mapeamento cerebral, tomografia computadorizada funcional ou PET scan (pósitron emission tomography), ressonância nuclear magnética, SPECT(single photon emission computed tomography), geradores de numeros randômicos, e técnicas de relaxamento, oração, meditação, respiração holotrópica, hipnose, LSD-terapia, experiências próximas da morte, etc. Entre estes pesquisadores da consciência, citamos como relevantes: J. B. Rhine, psicólogo norte-americano, criador do termo parapsicologia em 1931, que estudou e comprovou estatisticamente em seu laboratório da Universidade de Duke, Carolina do Norte, EUA, a realidade dos fenômenos parapsicológicos e da percepção extra-sensorial, tais como a telepatia, pré-cognição e psicocinese; Carl Gustav Jung, psiquiatra suíço, que ajudou Sigmund Freud a desenvolver a Psicanálise e a comprovar a existência dos fenômenos inconascientes. Criador da escola de Psicologia Analítica e descobridor dos fenômenos relacionados ao inconsciente coletivo e à sincronicidade ( coincidências acausais significativas) ; Stanislav Grof, psiquiatra tcheco, um dos pais da Psicologia Transpessoal nos anos 60, pioneiro da psicoterapia com LSD e do estudo dos estados alterados de consciência; criador da terapia holotrópica, baseada em respiração acelerada, música evocativa e toques corporais; Karl Pribram, neurocientista, criador da teoria holonômica do funcionamento cerebral, teorizador das redes neurais holográficas. Ian Stevenson, psiquiatra norte-americano, autor do livro Vinte Casos Sugestivos de Reencarnação, estudioso do fenômeno da memória extra-cerebral, evidenciado em crianças que afirmam já terem existido anteriormente; Charles Tart, psicólogo norte-americano, estudioso dos estados alterados de consciência e sua relação com a espiritualidade; Raymond Moody Jr., filósofo e médico norte-americano; Kenneth Ring, psicólogo norte-americano; David Sabom, médico cardiologista intensivista norte-americano; Melvin Powers, médico pediatra intensivista e Elizabeth Kluber-Ross, médica suíça, todos pesquisadores das experiências próximas da morte, fenômeno observado em pessoas que passaram por morte clínica comprovada e que quando ressuscitadas relatam experiências e comunicações extra-corpóreas e espirituais. Brian Weiss, médico psiquiatra norte-americano, hipnólogo clínico, pesquisador de lembranças e traumas de vidas passadas; Rupert Sheldrake, Biólogo inglês, criador da teoria dos Campos Mórficos e da Ressonância Mórfica, estudioso dos fenômenos parapsicológicos. Harold Puthoff, físico norte-americano, Russel Targ, físico norte-americano e Jane Katra, médica e curadora espiritual norte-americana, pesquisadores dos fenômenos telessomáticos ( ação da mente sobre a matéria e sobre outros seres humanos), consciência não-local e cura espiritual. Robert Jahn, engenheiro aero-espacial norte-americano e Brenda J. Dunne, engenheira do Laboratório de Pesquisas de Anomalias em Engenharia de Princeton, pesquisadores da percepção pré-cognitiva remota e de capacidades paranormais. Dean Radin, psicólogo e parapsicólogo norte-americano, diretor do Laboratório de Pesquisas da Conciência da Universidade de Nevada, pesquisador da interação mente-matéria, da percepção através do tempo e à distância, e das interações mentais com organismos vivos. A enorme massa de descobertas e informações acumuladas por estes cientistas pioneiros, conduziram ao desenvolvimento de uma nova Parapsicologia, uma nova Psicologia e Medicina Transpessoais, uma nova concepção holográfica do funcionamento cerebral, e novos conceitos mais abrangentes de informação e dinâmica cerebral quântica. Estas novas ciências encontraram sólidos fundamentos para suas evidências, na Teoria dos Campos Quânticos, nas Teorias da Auto-Organização e do Caos, na Física Quântica, na Física Holográfica, e na recente Física da Informação Quântica, surgida na década de 90 do século XX, e, estão provocando a mais profunda e abrangente mudança de paradigma já ocorrida na história da ciência moderna: a ultrapassagem do antigo modelo mecanicista e reducionista de mente humana e de natureza, fundamentado no paradigma materialista cartesiano-newtoniano, por um modelo quântico-informacional holográfico de mente e de universo, muito mais abrangente que fundamenta o paradigma holístico. Experimentos científicos que fundamentam a Psicologia Transpessoal “A contribuição mais importante da psicologia transpessoal para a ciência e a psicologia é o conceito de que nossa mente, além de possuir um funcionamento local, egóico, como já afirmavam a psicanálise, a psicologia comportamental e a psicologia humanista, também possui um modo de funcionamento não-local, que transcende o cérebro, o ego e as usuais fronteiras do tempo e do espaço. O conceito de mente não-local da Psicologia Transpessoal é amplamente fundamentado pela física quântica, como já vimos acima, e por milhares de experimentos clínicos, tais como os realizados por Stanislav Grof e por centenas de experimentos laboratoriais, tal como os realizados pelos cientistas Dr. Jacobo Grinberg-Zylberbaun, Dr. Nitamo Federico Montecucco e o Dr. Dean Radin. Abaixo, descrevemos algumas destas experiêcias científicas recentes, acerca da comprovação da existência da mente não-local e seu poder transformador, que já se tornaram clássicas, fundamentando a Psicologia Transpessoal e a Parapsicologia. Comprovando em laboratório a existência da mente não-local “Ano: 1992 Local: Universidade Nacional do México O Dr. Jacobo Grinberg-Zylberbaun está realizando mais um dentre os cinquenta experimentos já desenvolvidos nos últimos 5 anos por sua equipe, onde busca verificar a possibilidade da mente de uma pessoa atuar de forma não-local sobre o cérebro de outra à distância. Neste estudo, duas pessoas foram colocadas inicialmente, no interior de uma sala à prova de sons e radiações eletromagnéticas , conhecida como gaiola de Faraday , ficando desta forma, totalmente isolados de qualquer influência energética externa conhecida. Os participantes foram então orientados a meditar juntos ( prática padronizada cientificamente de meditação transcendental – MT) durante vinte minutos, a fim de criarem um elo psico-emocional profundo entre eles. Este procedimento também é importante para que as ondas cerebrais dos dois participantes entrem em sincronia, ou seja, tornem-se semelhantes. Após este período, foram separados e transferidos para diferentes gaiolas de Faraday , e submetidos a eletroencefalogramas contínuos, que registraram suas atividades elétricas cerebrais. O primeiro sujeito recebeu cerca de cem estímulos entre luminosos( flashes de luz), sonoros e choques elétricos curtos e intensos, mas não dolorosos, nos dedos indicador e anular da mão direita. Tais estímulos foram aplicados ao acaso, de tal forma que nem o sujeito estimulado, nem o experimentador sabiam quando seriam aplicados. O segundo sujeito não foi submetido a nenhum estímulo, permanecendo relaxado, com os olhos fechados e instruído para sentir a presença do primeiro sujeito da experiência, não tendo nenhuma noção de que seu companheiro estava sendo estimulado. Os eletroencefalogramas de ambos posteriormente foram sincronizados, comparados e estudados e destes dados surgiram fatos estarrecedores, incapazes de se enquadrarem no modelo científico acadêmico ortodoxo. Assim vejamos: Quando o primeiro sujeito era estimulado, seu eletroencefalograma registrava um potencial elétrico, que é denominado potencial evocado. Contrariamente ao que se poderia esperar, o eletroencefalograma do segundo sujeito, não estimulado e isolado de toda e qualquer influência energética externa conhecida, ao mesmo tempo registrava os mesmos potenciais elétricos evocados detectados no primeiro sujeito, como se ele próprio estivesse sendo estimulado ! De alguma forma desconhecida pela ciência, estes potenciais evocados foram transferidos do primeiro sujeito para o segundo, consistentemente, em 25 % dos mais de cinquenta experimentos realizados sobre a existência da mente não-local, principal arcabouço teórico-experimental da psicologia transpessoal. Experiências científicas paralelas, realizadas como controle, com o intuito de se excluir a possibilidade de quaisquer tipos de erros ou interferências indevidas, não demonstraram a presença de potenciais transferidos. Nestes experimentos-controle ou o primeiro sujeito não era estimulado, ou uma tela o impedia de perceber estímulos tais como os flashes de luz, ou ainda, os sujeitos não interagiam previamente, não meditando em conjunto. Um exemplo particularmente interessante de potencial transferido, foi o de um casal que se encontrava profundamente apaixonado, no qual os padrões eletroencefalográficos permaneceram estreitamente sincronizados, confirmando o seu relato de sentimento de uma profunda unidade, demonstrando experimentalmente que o amor é capaz de superar quaisquer barreiras e sincronizar as mentes apaixonadas. Este experimento sobre o funcionamento não-local, transpessoal, da mente humana, realizado por Grinberg-Zylberbaum (Jacobo Grinberg-Zylberbaun, M. Delaflor. M. E. Sanchez-Arellano, M.A. Guevara, and M. Perez, Human communication and the electrophysiological activity of the brain , Subtle Energies, vol. 3 , 3, 1993) tem sido replicado com sucesso em centenas de experiências similares nos últimos anos. Meditação no laboratório: da mente local para a mente não-local “A equipe do Dr. Nitamo Federico Montecucco, do Cyber Ricerche Olistiche, de Milão, uma organização italiana dedicada à pesquisa do desenvolvimento do potencial humano e da consciência planetária, foi mais um dos grupos de pesquisa que confirmou a veracidade científica da existência da mente não-local e dos fenômenos estudados pela Psicologia Transpessoal. No trabalho The Unity of Consciousness, Sinchronization, and the Collective Dimension (publicado na revista World Futures, 1997, vol. 48, pp. 141-150), através de um processo de mapeamento cerebral computadorizado chamado brain holotester , capaz de medir o grau de sincronização das ondas cerebrais entre os hemisférios esquerdos e os hemisférios direitos de várias pessoas conjuntamente. Numa das experiências ( pag. 149), realizada no outono de 1994 para se avaliar a sincronização cerebral coletiva, confirmou-se a existência de um aumento da sincronização entre os cérebros de doze pessoas durante a meditação. Neste caso, os valores de sincronização foram acima de 50 %. Isto demonstra que os cérebros humanos estão em comunicação não-local entre si, e que a autoconsciência e a empatia são instrumentos psicológicos transpessoais capazes de sincronizá-los através da não-localidade. Estes dados podem ajudar a entender as bases científicas dos sentimentos de unidade, cooperação e relacionamentos entre pessoas, grupos de trabalho, culturas e raças . Isto demonstra de forma significativa que pessoas que meditam em conjunto, especialmente se ligadas emocionalmente, são capazes de se comunicar de modo não-local e se influenciar instantanea e mutuamente, sem que se possa perceber a existência de qualquer meio de ligação ou energia entre elas. Na página 148 do mesmo trabalho, o Dr. Montecucco cita pesquisa anterior, conduzida por ele e seus colaboradores, em 1990 e 1991, onde já havia detectado que durante a meditação, o estado de sincronização das ondas cerebrais alcança seus valores máximos, próximo à 100 por cento. Nesta pesquisa , envolvendo iogues e meditadores de diferentes monastérios do norte e do sudeste da Índia, demonstrou que em estados de meditação profunda e estados de consciência elevada, as ondas cerebrais se tornam altamente sincronizadas e perfeitamente ordenadas, em uma onda harmônica única, como se todas as diferentes frequências de todos os neurônios dos vários centros cerebrais estivessem tocando a mesma sinfonia global . Esta condição foi denominada por eles de Highly Synchronized Harmonic State , um estado harmônico de funcionamento cerebral, com um grau de sincronização muito elevado, que é típico de momentos de intensa criatividade, profundo bem-estar e intuição. Mente não-local e efeitos telessomáticos Um outro estudo clássico que demonstra a capacidade da mente de uma pessoa influenciar os processos corporais de outra foi realizado pelos Drs. William Braud e Marilyn Schlitz da Mind Science Foundation, em Santo Antonio, Texas( EUA). Em 1983, estes pesquisadores conseguiram demonstrar através de centenas de experimentos, que pessoas situadas à distância podem provocar em outras, por meio de imagens mentais ( visualizações),alterações em seu funcionamento corporal, medido através da atividade elétrica da pele, mesmo que estas não saibam o que está acontecendo. A mensuração da atividade elétrica da pele se altera na dependência do estado emocional em que se encontra o indivíduo. Quando está tenso, a resistência elétrica de sua pele torna-se pequena, quando relaxado torna-se alta.( Braud, W. and Schlitz, M., Psychokinetic influence on electrodermal activity , Journal of Parapsychology, vol. 47, 1983.) A investigação científica da possibilidade da mente humana influenciar de forma não-local uma pessoa à distância, tanto no espaço como no tempo, pode nos fornecer bases para uma explicação de fenômenos insólitos valorizados diariamente pela cultura popular, tais como macumba , voodoo , magia negra , despachos , trabalhos , “quebrantos”, “encantamentos , mau-olhado , olho grande , bruxarias , maldições , feitiços , encostos , simpatias , rezas , passes , benzeção , curas espirituais e magia branca entre outros. A ciência hoje denomina de efeitos telessomáticos a capacidade da mente de uma pessoa influenciar á distância ( de forma não – local) o corpo de outra , de forma maligna ou benigna, alterando suas funções fisiológicas, tais como batimentos cardíacos, pressão arterial, respiração, resistência elétrica da pele, etc. Na antiguidade e ainda hoje, algumas culturas se utilizam de tal capacidade, por meio de práticas realizadas por pessoas iniciadas nesta sabedoria ancestral denominadas de xamãs, feiticeiros, pajés, curandeiros, pais de santo, rezadeiras, médiuns, etc. Entre os indios americanos, descreve James Frazer em seu famoso estudo The Golden Bough , estas práticas incluem desenhar a figura de uma pessoa em areia, cinzas ou argila e então espetá-la com um bastão fino ou realizar outra forma de agressão qualquer. Segundo esta tradição nativa, a pessoa-alvo representada pela imagem realmente é afetada e prejudicada por tal prática de magia. Nesta forma de magia, o alvo da influência não é uma pessoa mas sim uma imagem da mesma, tal como um boneco, uma foto, um desenho se possível incluindo objetos de uso pessoal como jóias, roupas, ou partes do corpo como cabelos, etc. Neste tipo de magia, a imagem que representa a pessoa é perfurada ou agredida durante o ritual, enquanto que simultaneamente a pessoa sente tal injúria em seu próprio corpo como um mal-estar, que pode se instalar lentamente ou de forma rápida, causando uma série de perturbações fisiológicas que vão desde a dor de cabeça até a morte súbita. O Dr. Walter B.Cannon, neurologista norte-americano, relata em seu clássico estudo Voodoo Death ( Morte pelo Voodoo ), o testemunho do Dr. Herbert Basedow que presenciou um curandeiro de uma tribo aborígine da Austrália utilizar o processo tradicional de apontar um osso para enfeitiçar uma vítima : O homem que descobre que foi apontado por um osso fica , de fato, num estado lamentável. Fica aterrorizado, com os olhos fixos no feiticeiro que aponta para ele e com as mãos erguidas como se para evitar a substância letal que imagina está sendo derramada sobre seu corpo. Sua face empalidece, os olhos ficam vidrados e a expressão do rosto fica terrivelmente distorcida … ele tenta gritar, mas em geral o som sufoca na garganta e tudo o que se vê é uma espuma saindo pela boca. O corpo começa a tremer e os músculos contorcem-se involuntáriamente ele vacila e cai no chão e depois de curto espaço de tempo parece ser acometido por uma síncope; mas logo depois se contorce como se em mortal agonia e, cobrindo o rosto com as mãos, começa a gemer … sua morte é questão de pouco tempo. Como contrariam o paradigma científico cartesiano materialista vigente, os fenômenos telessomáticos ( influência mental à distância), são pouco divulgados nos meios acadêmicos e pela mídia em geral, pois segundo tal concepção, não poderiam existir. No entanto, já foram replicados com sucesso, centenas de vezes, nas últimas oito décadas, por meio de estudos científicos controlados. Mente não-local e a influência positiva ou negativa do olhar “O Dr. Dean Radin, em seu livro The Conscious Universe ( pag. 155/156), fez um levantamento geral, do período de 1913 a 1996, das pesquisas sobre o sentimento de estar sendo influenciado pelo olhar. Entre os estudos analisados por ele estão os de Poortman, Peterson, Williams, Braud, Schafer, Andrews, Schlitz, La Berge, Wiseman e Smith. Sua conclusão é estarrecedora e surpreendente para as mentes acadêmicas convencionais! Os resultados de todos os estudos combinados demonstram uma probabilidade de 3, 8 milhões para 1, de que os fenômenos de influência mental sejam frutos do acaso. Ou seja, eles existem, são reais. Estas pesquisas confirmam a realidade de uma das mais antigas e conhecidas superstições do mundo ocidental, o mau-olhado, e possivelmente de uma das mais conhecidas graças do mundo oriental, o “darshan”, ou o olhar abençoador e curativo de um mestre iluminado. Não se trata mais de se acreditar ou não em mau-olhado e bom-olhado, mas sim de se verificar o alcance e o efeito dessas práticas na saúde do ser humano, por meio de estudos científicos. E também, de se encontrar meios de proteger as pessoas destas influências maléficas. A maior parte dos povos primitivos tinha medo do mau-olhado e tomavam medidas para desviar a atração desse olhar, por meio de amuletos brilhantes ou atrativos utilizados em torno do pescoço. Os estudos científicos atuais realizados em laboratório, que continuam confirmando a veracidade dos fenômenos telessomáticos, adotam a metodologia de separar duas pessoas, e monitorar a atividade do sistema nervoso da primeira, usualmente por meio da atividade elétrica da pele, enquanto a segunda pessoa, olha para a primeira em períodos de tempo ramdômicos ( ao acaso) , através de um sistema unidirecional de circuito-fechado de vídeo, influenciando-a ( Targ, Russel and Katra, Jane. 1998. Miracles of Mind. Exploring Nonlocal Consciousness and Spritual Healing. New World Library: Novato, Ca. pp. 209 217) Para o físico quântico norte-americano David Bohm, a mente humana, em determinados estados alterados de consciência, tais quais aqueles que encontramos quando a pessoa está orando, meditando, contemplando a natureza, etc., pode operar diretamente nas profundezas da ordem implícita ( Bohm in Dialógos com Cientistas e Sábios, Renée Weber, pag.70, Ed. Círculo do Livro). Tal afirmação, vinda de um dos maiores físicos da atualidade, tem sérias implicações para a espécie humana e para a compreensão da natureza e funcionamento dos fenômenos telessomáticos , pois conforme assinala o psiquiatra Stanislav Grof, um dos criadores da psicologia transpessoal, se as suposições básicas da teoria holonômica, sobre a ordem explícita e implícita, refletem a realidade, com um grau suficiente de exatidão, também é concebível que certos estados incomuns da consciência, possam mediar experiências diretas da ordem implícita ou nela intervir . Isto tornaria possível modificar os fenômenos no mundo objetivo ao influenciar a matriz geradora ( Além do Cérebro, pag. 62, Ed. McGraw-Hill). Mente não local em um Universo Holoinformacional “As modernas pesquisas científicas sobre o poder e o alcance de influência do campo da consciência humana, realizadas por pesquisadores como Stanislav Grof, Dean Radin, Russel Targ, Harold Puthoff, entre outros, demonstram a capacidade da mente modificar não somente o corpo, como nos fenômenos telessomáticos, mas também toda a realidade à nossa volta. Desta forma, estamos lidando aqui com um fenômeno mais abrangente que o telessomático. Estamos penetrando no campo dos fenômenos holoinformacionais, onde a vida, a mente e o cosmos são uma infinita rede de interconexões dinâmicas, onde o todo contém a parte e a parte contém o todo, possibilitando então, à mente que é uma parte do Cosmos Quântico-Informacional-Holográfico, modificar de forma significativa, instantânea e não-local toda a realidade física do universo, através da alteração da consciência, energizada pelo desejo e a intenção. Em determinadas condições especiais de expansão da consciência, como aquelas induzidas pela meditação, oração, hiperventilação (respiração holotrópica), jejum, ayahuasca e LSD, nossa mente com a atenção e a intenção focalizadas, podem alterar a matéria e a realidade à nossa volta, sensibilizando nossa matriz geradora, o campo holoinformacional da Ordem Implícita. O Dr. Deepak Chopra, médico endocrinologista, praticante de meditação transcendental, e fundador da Sociedade Americana de Medicina Ayurvédica, afirma em seu livro Vida Incondicional ( Ed. Best Seller) : para usar a linguagem da física, uma intenção local começa a ter resultados não locais…o campo está agindo sobre si mesmo…meu papel é apenas dar ordens, deixando o campo computar, instantânea e automaticamente, o resultado que espero.O segredo…é que se entra no computador cósmico usando o cérebro como teclado . Para que possamos compreender como é possível este acesso ao computador cósmico, é necessário introduzirmos aqui uma concepção mais abrangente de informação e consciência que desenvolvemos nos ultimos anos em um trabalho denominado Informação Auto-Organização e Consciência- Rumo a uma Teoria Holoinformacional da Consciência, publicada originalmente em 1999, na Inglaterra e nos EUA nas revistas científicas World Futures- The Journal of General Evolution, e The Noetic Journal, e mais recentemente no livro Science and the Primacy of Consciousness- Intimation to a 21st Century Revolution que reproduzimos no apêndice 1 deste livro. Nesta concepção, energia, matéria, vida e consciência originam-se de um campo criador, que é pura informação, situado além de nossos limites perceptuais. Este campo informacional invisível é na verdade uma ordem geradora fundamental, que permeia com informação criativa todo o cosmos, permitindo compreender a natureza básica do universo como uma totalidade inteligente auto-organizadora indivisível, isto é, uma consciência, um campo holográfico informacional que gera, mantém e transforma o universo. Este campo é informacional tanto no sentido de informar (dar o plano criador da forma), como de formar( gerar a forma), tal como o arquiteto planeja o projeto ( informa) e depois o constrói ( forma). Esta ordem/mente universal é denominado por nós como campo holoinformacional da consciência, constituindo uma unidade indivisível, cujos processos quântico-informacionais criativos interagem por meio de relações não-locais (holísticas), internas, e simultaneamente por meio de relações externas locais (mecanicísticas), gerando energia, matéria, vida e consciência, e também todos os processos que criam, mantem e transformam o universo. Uma consciência universal, da qual somos parte dinâmica, que se manifesta de modo informacional, semelhante ao holográfico, auto-organizando-se em uma infinita holoarquia cósmica. Este tipo de consciência universal foi intuída e descrita há milênios pelas grandes tradições espirituais e pela Filosofia Perene com muitos nomes: Espírito Santo, Tao, Brahman, Consciência Cósmica, Grande Arquiteto, Mente Universal, etc. Um universo estruturado como um campo holoinformacional é um universo inteligente funcionando como uma gigantesca mente. Sir James Jean, o célebre astrônomo inglês, já afirmava em relação às modernas descobertas da astronomia e da física quântica: “O Universo começa a se parecer mais com uma grande mente do que com uma grande máquina”. Em nossa concepção holoinformacional, o universo não é somente inteligente e pleno de informação significativa, mas configurado e estruturado à semelhança de um holograma, tal como proposto por David Bohm. O holograma é uma imagem virtual tridimensional de um objeto criada da seguinte maneira: um raio laser incide sobre o objeto refletindo, sob a forma de ondas, os limites e a forma do objeto em uma placa. Sobre essa placa incide um segundo raio laser, produzindo e refletindo, a partir da mistura das ondas dos dois lasers, uma imagem no espaço. O embaralhamento das ondas na placa forma um padrão de interferência de ondas que armazena a informação acerca do objeto, e é essa informação que é refletida no espaço sob a forma de uma imagem virtual tridimensional. O relevante aqui, é que nos sistemas holográficos cada parte da placa contém a informação completa sobre o objeto. Se quebrarmos a placa em vários pedaços, cada pedaço, se iluminado por um laser, refletirá a imagem tridimensional completa do objeto no espaço, demonstrando experimentalmente que num sistema holográfico o todo está em cada parte, assim como cada parte está no todo. A afirmação acima não lhes parece familiar? Não a encontramos em nossas culturas e tradições espirituais milenares em citações como: “Assim na terra como no céu”; “Tudo o que está em cima é igual a tudo o que está em baixo”; Tudo o que está dentro é igual a tudo o que está fora; “O Reino de Deus está dentro de vós”; Em verdade vos digo que tudo o que ligardes na terra será ligado no Céu, e tudo o que desligardes na terra será desligado no Céu , “Somos um microcosmo que reflete o macrocosmo”, “Todo o universo está contido em um grão de areia”, etc. O modelo holoinformacional do universo permite-nos compreender como é possível produzir fenômenos telessomáticos e holoinformacionais, todos de natureza não-local, ingressando em estados alterados e transpessoais de consciência, influenciando com o desejo e a intenção, o campo gerador holoinformacional que constitui o universo. Uma vez que somos capazes de operar diretamente nas profundezas da ordem implícita e modificar os fenômenos no mundo objetivo ao influenciar a matriz geradora que cria qualquer realidade material e as leis da física, existe a possibilidade de se realizar qualquer mudança que desejamos na realidade e situações à nossa volta . Encontramo-nos no campo de todas as possibilidades, como afirma o físico e sábio indiano Maharishi Mahesh Yogi, divulgador da Meditação Transcendental no ocidente . Isto pode explicar muitos dos impressionantes efeitos benéficos produzidos pela oração, meditação, visualização, hipnose, mentalização, respiração holotrópica e outras técnicas tradicionais de cura redescobertas e investigadas pela ciência moderna, categorias estas incluídas no rol dos fenômenos não-locaqis transpessoais telessomáticos e holoinformacionais. No entanto, se a explicação dos fenômenos telessomáticos e holoinformacionais pode parecer simples, isto não significa que seja fácil produzí-los conscientemente, pois para tanto temos que nos encontrar em estados incomuns de consciência . Vários estudos científicos, como os realizados pela Dra. Gertrud Schmeidler, J.B. Rhine, Carl Gustav Jung e Herbert Benson, entre outros, demonstraram que quanto mais intensas, esperançosas e emocionalmente carregadas são as nossas expectativas, crenças e desejos, e quanto maior nosso relaxamento físico, mental e emocional, maiores são as mudanças que podemos fazer gradualmente, tanto em nosso corpo como em nossa própria realidade . Se aliarmos à nossa tecnologia cientifica, práticas tradicionais milenares de alteração da consciência, como a oração, meditação, rituais e danças arquetípicas, visualização, entre outras, poderemos realizar feitos considerados até há pouco tempo como milagrosos. Nessa era científica da informação e da biotecnologia, estamos redescobrindo em nossos laboratórios, saberes e práticas tradicionais extremamente sofisticados de como influenciar a matéria com a mente, conhecidos há milênios pela humanidade, e que até há pouco tempo atrás considerávamos superstições grosseiras, oriundas da ignorância popular. Com isto, estamos acordando para as enormes potencialidades de transformação da matéria e da realidade que existem em nosso interior. Em nosso íntimo possuímos uma capacidade, uma passagem que nos permite acessar a ordem implícita e alterar a realidade das coisas : o portal da consciência . Mente não-local, Ciência e Voodoo Ano: 1995 Local: Universidade de Nevada – USA A equipe de parapsicologia experimental dos Drs. J.M. Rebman e Dean Radin ( Rebman, J.M. , Radin, D.I. , Hapke, R.A. , and Gaughen, U.Z. Remote influence of the automatic nervous system by a ritual healing technique in Proceedings of Presented Papers, 39th Annual Parapsychological Association Covention, edited by E.C. May, 133-148. Fairhaven, MA: Parapsychological Association) resolveram testar o poder do voodoo sob condições controladas de laboratório. Neste experimento, voluntários foram divididos em duas categorias: sujeitos ativos ou curadores e sujeitos passivos ou pacientes . O objetivo era verificar se os pacientes poderiam ser fisicamente afetados à distância pelos curadores , por meio de técnicas de estilo voodoo , que utilizam uma imagem como meio de produzir influência sobre a pessoa. Os pacientes foram representados por bonecos com fotos e objetos de seu uso pessoal ( roupas, jóias, etc.) além de um relato com a história de suas vidas ( autobiografia) e informações sobre o que os fazia sentirem-se amparados, calmos e confortáveis. Tais dados seriam utilizados pelos curadores para influenciá-los durante a experiência . Os efeitos testados foram de intenção benigna ao invés de maligna, daí os experimentadores ativos serem chamados de curadores . A experiência em si consistia no seguinte: 1 – Separar os curadores dos pacientes . Os curadores foram colocados num quarto acústica e eletromagneticamente blindado, num prédio situado ao lado daquele em que os pacientes se encontravam. 2 – O curador colocava numa mesa à sua frente o boneco e seus objetos e se concentrava neles , enquanto enviava ao paciente , numa sequência ao acaso, dois tipos de mensagens, de cura e de repouso . 3 – O paciente era monitorizado de forma a se registrar a atividade de seu sistema nervoso autônomo, por meio de atividade eletrodérmica ( resistência elétrica da pele), frequência cardíaca e volume sanguíneo do pulso. Uma sessão experimental típica consistia em o curador enviar de forma aleatória ao paciente , por meio do boneco, cinco períodos de intenção de cura e cinco períodos de intenção de repouso , períodos estes com a duraçào de um minuto cada, sempre seguidos por um intervalo de onze segundos entre eles. Surpreendentemente, observou-se que os pacientes realmente eram afetados pela magia branca dos curadores . Os pacientes tinham a sua atividade eletrodérmica ( resistência elétrica da pele) aumentada e sua frequência cardíaca reduzida durante os períodos em que o curador procurava influenciá-lo à distancia por meio da intenção de cura , fatores que indicavam relaxamento psicofísico. Já nos períodos de intenção de repouso , não se observavam tais efeitos. O volume sanguíneo do pulso dos pacientes também foi reduzido de forma significativa por alguns segundos, durante os sessenta segundos do período de intenção de cura , demonstrando uma resposta de relaxamento. Tais resultados experimentais indicam que de fato o sistema psiconeuroimunológico dos pacientes foi beneficamente afetado á distância, de forma não-local e transpessoal, pelos curadores. Por outro lado, quando os “curadores” provocavam um efeito estressante, batendo na face e/ou na cabeça do boneco voodoo, durante os períodos aleatórios dedicados à cura, isto tinha um efeito terapêutico transpessoal de massagem estimulante à distancia, mais uma vez, de forma não-local , nos “pacientes”, aumentando seus batimentos cardíacos. Isto nos leva a admitir a possibilidade de que através do voodoo , magia negra , quimbanda ou macumba , uma pessoa pode , à distância, desencadear efeitos maléficos no organismo de outra, via sistema nervoso autônomo, ocasionando elevaçào da pressão arterial, e da frequência cardíaca. Estes aumentos da pressão arterial e da frequência cardíaca poderiam, na dependência da intensidade e do tempo de estimulação, teoricamente desencadear dores de cabeça , dores no peito ( angina), ataques cardíacos (infartos), derrames ( acidentes vasculares cerebrais) e morte súbita. Tais experimentos transpessoais permitem-nos afirmar que os fenômenos telessomáticos se utilizam dos mesmos processos de interação mente-corpo que os fenômenos psicossomáticos, com a diferença de que não é a mente do indivíduo que está influenciando o seu próprio corpo, como ocorre na medicina psicossomática, mas sim que o funcionamento não local da mente de uma pessoa está influenciando a mente e o corpo de uma outra pessoa. As implicações destas descobertas transdisciplinares e holísticas acerca da natureza não-local da mente e suas relações com o universo, são imensas para a saúde, cura, a paz e o bem-estar da humanidade e do planeta, e mudam totalmente nossa visão de mundo acerca da natureza do homem e da compreensão de nosso lugar no esquema ecológico e cósmico. Somos parte de algo muito mais vasto do que nossas mentes individuais.
9/5/2006 – Francisco Di Biase e Mário Sérgio Rocha

1 de novembro de 2011

Indígenas invadem canteiro de obras de Belo Monte

Fonte: http://www.diarioonline.com.br/noticia-172835-indigenas-invadem-canteiro-de-obras-de-belo-monte.html

Indígenas, ribeirinhos e pescadores ocupam obras de Belo Monte (Foto: Cesar Roberto Mendes/ABr)


Cerca de 600 pessoas, entre indígenas, ribeirinhos e pescadores, ocuparam o canteiro de obras da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, na madrugada de hoje (27), segundo informações do Conselho Indigenista Missionário (Cimi). Os manifestantes pedem o fim do projeto da usina.
A assessoria do Cimi informou que a ocupação do local foi pacífica e que os manifestantes não encontraram resistência da polícia ou dos seguranças do empreendimento. Segundo o conselho, o que motivou a ocupação foi o adiamento do julgamento no Tribunal Regional Federal da 1ª Região sobre o direito dos indígenas de serem ouvidos antes do início das obras.
De acordo com o cacique do povo Kaiapó, Megaron Txucarramãe, outros indígenas da aldeia de Gurupira, em Redenção, estão a caminho do local para aderir ao protesto do grupo. (ABr)
Desde o início desta semana, movimentos organizam ato de repúdio a Belo Monte. A diretora da Organização Não-Governamental Justiça Global, Andressa Caldas, disse que o governo desrespeita e deslegitima o sistema interamericano de Direitos Humanos, depois de a CIDH determinar em abril que o Estado brasileiro suspendesse as obras de Belo Monte.
“O Brasil assumiu, a partir deste ano, uma mudança radical na sua postura histórica de respeito aos tratados internacionais de Direitos Humanos. É uma postura que se assemelha às dos governos antidemocráticos de Trinidad e Tobago (1998) e de Fugimori, (1999), no Peru, que ameaçaram sair do sistema interamericano quando viram seus interesses prejudicados. Fugir do diálogo é lastimável e preocupante para toda a democracia brasileira”, declarou a ativista.
Segundo Andressa, o governo está acuado, porque tem perdido apoio da população da região de Altamira e por ter sofrido um revés na semana passada com o voto favorável de uma das ações públicas contra o projeto Belo Monte.
No dia 17 de outubro, uma das 12 ações públicas impetradas pelo Ministério Público Federal teve voto favorável da desembargadora Selene de Almeida, do Tribunal Regional da 1ª Região. A ação pede a anulação do decreto que permite a construção de Belo Monte e determina a realização de uma consulta prévia no Congresso Nacional para ouvir as comunidades indígenas afetadas pelo empreendimento, como determina o artigo 231 da Constituição Brasileira. O requerimento foi objeto de pedido de vista pelo desembargador Fagundes de Deus.
No município de Altamira, a prefeitura, com o apoio de comerciantes e políticos, escreveu uma carta aberta, na semana passada, para a presidenta Dilma, pedindo a suspensão das obras de Belo Monte.
De acordo com a representante do Movimento Xingu Vivo Para Sempre, Antônia Melo, que mora em Altamira, os efeitos do empreendimento já são sentidos pela população. Segundo ela, o aumento do fluxo migratório tem causado mais violência, elevação do custo de vida, entre outros problemas.
No documento enviado à CIDH, a Missão Permanente do Brasil na OEA disse que o Estado Brasileiro está implementando as medidas de proteção informadas à Comissão e as condicionantes socioambientais impostos à construção da usina. As condicionantes socioambientais dizem respeito a investimentos para a melhoria e o desenvolvimento da população e do meio ambiente na região.
Antônia Melo disse que as condicionantes não saíram do papel. “Deram cesta básica para os indígenas, viaturas para a Guarda Municipal e há uns prédios inacabados por lá. Nada que tenha se convertido em melhoria real para a população”.
O Consórcio Norte Energia S.A informou que existem canteiros de obras e seus acessos estão sendo construídos nos sítio Pimental e Belo Monte. Segundo o consórcio, foram investidos mais de R$ 3 milhões na área de Saúde do município de Altamira e em infraestrutura.
Entre as ações, estão a entrega de ambulâncias, postos de saúde e a construção de uma Unidade Básica de Saúde no Bairro Nova Altamira. O Consórcio informou também que já contratou mais de 3 mil trabalhadores para o empreendimento, boa parte da região de Altamira, e que muitos foram capacitados em cursos desenvolvidos pela Norte Energia. (Agência Brasil)



28 de outubro de 2011

Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo

Retirado de: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022&ebol=sim


Da New Scientist - 22/10/2011
Este gráfico mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais
 que formam o núcleo da economia mundial.
O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.[Imagem: Vitali et al.]





















Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company
Bibliografia:

The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.572

25 de outubro de 2011

Neutrinos podem ser primeiras partículas a viajar mais rápido que a luz




Os neutrinos são os primeiros exemplos de partículas que viajam mais rápido do que a luz em um não meio.
A Teoria da Relatividade de Einstein está inequívoca – o mais rápido que um objeto no universo podia se mover era na velocidade da luz no vácuo, que alcança cerca de 299.792.458 metros por segundo. Viajar mais rápido que a velocidade da luz permitiria viagens rápidas para outros mundos e até mesmo a possibilitaria a viagem no tempo. Mas a teoria de Einstein de 1905 foi firme – objetos não podem viajar mais rápido que a velocidade da luz.
Erosão da Relatividade?
Nas últimas décadas, várias exceções à Teoria da Relatividade surgiram em experimentos. Por exemplo, os físicos descobriram que os fótons podem passar por certos meios a um ritmo mais rápido que a luz através de tunelamento quântico, e um outro estudo revelou que pulsos de som também podem ultrapassar os fótons em um meio.
Agora, pela primeira vez, partículas subatômicas viajaram mais rápido que a velocidade da luz. CERN, um laboratório de pesquisas nucleares da Europa, está trabalhando com neutrinos no seu experimento OPERA.
Os pesquisadores perceberam algo intrigante. O neutrino percoreu uma distância de 60 nanossegundos mais rápido que a luz, com margem de erro de 10 nanossegundos. A análise utilizou sistemas avançados de GPS e relógios atômicos para medir o tempo que os 15 mil neutrinos levaram para completar sua jornada.
As consequências do neutrino viajando mais rápido que a luz seriam absolutamente revolucionárias e muito profundas. É por isso que tal afirmação deve ser tratada com muito cuidado e validada de todas as maneiras possíveis.
De acordo com a relatividade, é preciso uma quantidade infinita de energia para fazer qualquer coisa ser mais rápida que a luz. Se existem coisas mais rápidas que a luz de fato, então a regra teria que ser reescrita.
A teoria quântica, teoria matemática sobre a qual grande parte dos resultados da física de partículas são baseados, evidencia que nada pode viajar mais rápido que a velocidade da luz em um vácuo. Para alguns físicos, é realmente uma proibição absoluta.
Física mais complicada
Proibição absoluta mesmo? Talvez não. As regras da física parecem à beira de ficar um pouco estranhas. Afinal, para a maioria dos profissionais da área, os resultados do CERN são bastante precisos.
Mas eles parecem em contradição direta com os experimentos japoneses de Kamiokande II, que mediu neutrinos emitidos a partir de uma supernova que fica a 168 mil anos-luz da Terra. As medições da estrela que explodiu indicam que os neutrinos viajam com uma parte de 100 milhões da velocidade da luz.
Isso é drasticamente diferente dos novos resultados – 2 mil vezes diferente, para ser mais preciso. Mas ambos os resultados poderiam ser corretos. Uma peculiaridade da teoria das cordas ou outras da teoria física avançada poderia conciliar as medições.
E o CERN não foge das críticas. Ele está publicando todos os seus dados na esperança de que outros físicos teóricos ajudem a verificar, ou refutar, a conclusão deslumbrante.
Uma indicação de que os resultados podem ser corretos, porém, vem de um laboratório de física nos EUA. Em seu experimento MINOS, pesquisadores têm enviado neutrinos em um experimento semelhante.
Em 2007, eles também pareciam ter observado uma viagem de neutrinos mais rápida que a luz, mas infelizmente o seu equipamento menor tornava impossível determinar se a medida era legítima ou meramente um desvio estatístico. Um dos objetivos do laboratório, agora, vai ser tentar verificar ou refutar esse resultado tanto quanto puderem.
Quão estranha é a Física?
É importante ter em mente que, enquanto esta parece ser uma violação macroscópica e substancial da Teoria da Relatividade, ela só se aplica em um cenário especial. De modo geral, a maioria dos objetos no universo ainda parecem se comportar como o esperado.
Em outras palavras, a educação da física básica não deve mudar muito ou ficar muito mais difícil com base em todas essas descobertas revolucionárias. No entanto, para pesquisadores de pós-graduação no campo da física, é melhor preparar-se para lidar com coisas muito mais estranhas.
A possibilidade de aproveitamento das viagens mais rápidas que a luz parece ser uma maravilhosa dor de cabeça. Muitos pesquisadores já estão sonhando com motores de naves mais rápidos do que a luz. Com estes equipamentos, o tempo vasto que levaria para viajar para as estrelas poderia ser drasticamente reduzido.
Algum embasamento rápido para o leigo em física: um neutrino é um pouco parecido com um elétron sem carga, embora possa aparecer de diversos tipos – neutrino do elétron, neutrino do múon e neutrino do tau. Eles são tipicamente produzidos em reações nucleares (incluindo no interior das estrelas) e quando raios de alta energia cósmica colidem com a matéria.
A cada segundo, 65 bilhões de neutrinos passam por cada centímetro quadrado perpendicular à direção do sol na região da Terra. Por essa razão, os pesquisadores costumam emitir seus neutrinos em uma direção aproximadamente perpendicular aos nêutrons solares, para que possam ser facilmente distinguidos e permitir uma calibração cuidadosa no detector.
Como outras partículas, de acordo com a Teoria da Simetria, neutrinos têm uma antipartícula conhecida como antineutrinos. No entanto, alguns acreditam que antineutrinos e neutrinos são o mesmo tipo de partícula (é difícil determinar já que eles não têm carga de distinção). Se isso for verdade, faria de neutrinos/antineutrinos o único exemplo conhecido.
Agora, se os neutrinos e antineutrinos não são idênticos, deve ser interessante ir em frente para ver se antineutrinos – produzidos a partir do decaimento e fissão nuclear, entre outras coisas – também podem viajar mais rápido que a luz. É de se esperar que sim, dado que sua única interação com a matéria é gravitacionalmente e através da força fraca, assim como acontece com neutrinos.
Mesmo ainda não comprovada, a nova descoberta deixa ânimos exaltados. E expectativas, muitas expectativas. [DailyTech]
Fonte: http://hypescience.com/neutrinos-podem-ser-primeiras-particulas-a-viajar-mais-rapido-que-a-luz/

14 de março de 2011

Entrevista com Amit Goswami - Ativista Quântico

Conhecido e respeitado em todo mundo por seus trabalhos que buscam unir a ciência e a espiritualidade, Amit Goswami é considerado um dos grandes físicos do século 20.

Wanise Martinez

Adepto do materialismo desde os 14 anos de idade, o físico Amit Goswami sentiu, de repente, que estava seguindo por um caminho errado e que isso o estava deixando entristecido. “Na minha procura por uma ‘física alegre’”, diz o físico, ”eu encontrei o problema de uma interpretação da física quântica livre de paradoxo”. Segundo conta, essa descoberta aconteceu quando ele tinha 45 anos, durante uma conferência de física, e foi confirmada num outro momento, enquanto falava com o místico Joel Morwood. “Eu tive o insight criativo de que a consciência, e não a matéria, é o terreno no qual a existência e a ciência podem e devem ser realizadas, nessa base metafísica”. A partir daí, todo o seu trabalho de pesquisa mudou. Foi quando ele passou a estudar uma vertente da física um pouco mais espiritual.
Ph.D. em Física Nuclear, Amit Goswami foi professor do departamento de Física da Universidade de Oregon, nos Estados Unidos, durante 32 anos – instituição em que ocupa, atualmente, a posição de professor emérito. Hoje, ele trabalha como consultor, conferencista e pesquisador da área. O estudioso também participou do filme Quem Somos Nós?, experiência que ele acredita ter sido muito válida, pois mostrou ao público que “nos temos opções”.


O senhor disse que a ciência e espiritualidade têm de trabalhar juntas. De que forma isso é possível?
A espiritualidade agora é vista como sendo científica. A questão importante é: ciência e religião podem trabalhar juntas? A ciência está nos ajudando a diferenciar espiritualidade e religião. A espiritualidade é um chamado natural para alguns de nós e não pode ser considerada como parte da pauta secular que separa estados e religiões. Religiões referem-se a formas de manifestar a espiritualidade em nossas vidas e existem muitos modos disso acontecer; nós devemos ser livres para investigar todas as religiões, até o ateísmo, para descobrir a espiritualidade. Esse movimento em direção ao que as pessoas estão chamando pós-secularismo é uma das mais importantes contribuições do novo paradigma da ciência integrando ciência e espiritualidade.

A que o senhor atribui essa aproximação cada vez maior entre a ciência o conhecimento das tradições místicas espirituais?
Eu penso que a nova integração de ciência e espiritualidade é parte de uma jornada evolucionária de uma tendência racional para uma intuitiva, na qual não apenas o pensamento racional é valioso, mas também está integrado com emoções e intuições.

De que maneira é possível fazer essa relação? Em que ponto elas se unem?
Agora que a ciência está dando suporte ao centro da sabedoria mística que existe por trás das religiões populares, estas vão deixar de ser defensivas, e a modernização que há muito é necessária a elas pode ocorrer. Muitas religiões – o Islã é a mais visível – precisam modernizar-se e reconhecer a necessidade de se abrirem e de se tornarem disponíveis não apenas para uns poucos escolhidos, mas também para as pessoas comuns, inclusive as mulheres.

Qual é a principal relação entre a física quântica e o processo criativo existente nas pessoas?
O processo criativo humano apenas pode ser entendido quando nós reconhecemos a física quântica do movimento do pensamento. Por exemplo, o insight criativo é um salto quântico descontínuo do pensamento, no estilo do elétron atômico que salta de uma órbita para outra sem passar através do espaço entre elas.

O senhor acredita que a criatividade nasce com as pessoas ou é aprendida ao longo da vida? Existe alguma forma de desenvolvê-la mais rapidamente?
A criatividade é universalmente inata em nós, mas o talento, não. Nossa sociedade encoraja preferencialmente a criatividade de pessoas talentosas. Isso é um problema. Contudo, nós podemos superar a falta de talento por meio do aprendizado e percebendo que a mais admirável arena da criatividade é a criatividade interna, a criatividade devotada aos objetivos espirituais de transformação.

Por que escolheu como foco de pesquisa estudar a relação mente-corpo por meio da cosmologia e da mecânica quântica? Qual é o seu objetivo?
Como cientista, nunca me senti contente com o compromisso que muitos cientistas que veem valor na espiritualidade tendem a aceitar – ou seja, ser um cientista e acreditar no materialismo científico de segunda a sexta-feira, e  tornar-se um crente na metafísica espiritual no fim de semana. Eu acredito que existe apenas um mundo e uma percepção do mundo. Agora, eu descobri que isso é assim. Meu objetivo é trazer esse ponto de vista monístico para a forma como vivemos e em torno da qual nossa sociedade é construída. Consequentemente, estou pondo em prática um movimento chamado “ativismo quântico”.

Como o senhor lida com as críticas, tanto pelo lado da ciência quanto do místico e religioso?
Com paciência. Tanto a ciência quanto a religião estão confortáveis em seus respectivos casulos. A ideia de uma mudança de paradigma é desconfortável para as pessoas que estão no poder. O novelista Upton Sinclair disse algo a respeito: se as pessoas estão conseguindo viver sem entender algo, torna-se difícil fazê-las entender. Os jovens são tão livres para pensar como são os jovens de coração, que não possuem interesses adquiridos.O ativismo quântico é dirigido a essas pessoas.

Por que o princípio da incerteza é fundamental em nossa consciência?
O princípio da incerteza aponta que as interações materiais só podem gerar possibilidades. Uma consciência não material é necessária para converter possibilidades em realidades.

O senhor afirmou em uma entrevista ao programa Roda Viva, aqui no Brasil, que os cientistas normalmente dizem que a ciência deve ser objetiva, mas que o senhor percebeu que a ciência deve ser objetiva somente até certo ponto. Que ponto é esse? O senhor acredita que a ciência pode adentrar o universo da subjetividade sem perder seu foco principal de pesquisa?
A ciência pode ser objetiva quando está lidando com números grandes para os quais tudo o que você precisa são as probabilidades que a física quântica torna possível calcular. Porém, na importante área da criatividade, incluindo espiritualidade, eventos únicos são importantes, e a subjetividade passa a ter destaque. Nesse sentido, a própria evolução é parcialmente objetiva, darwiniana; mas aí existem as lacunas fósseis, que significam eventos descontínuos de saltos quânticos criativos nos quais tem papel a subjetividade de espécies inteiras.

O senhor acredita que a ciência unida à espiritualidade pode melhorar a relação existente entre os seres humanos, e entre os humanos e o planeta?
Sim, mostrando que nós somos todos um, toda a biota planetária (biota = conjunto de todos os seres vivos de uma região). A nova ciência está dando um novo significado à expressão “ecologia profunda”.

De que forma as pessoas podem encontrar a cura para suas doenças na própria consciência?
Se a doença está no nível da energia vital ou mental, a cura também deve ocorrer nesses níveis. Essa cura é a cura quântica que se deve aos saltos quânticos em nossos pensamentos e sentimentos.

A espiritualidade tem mais possibilidade de curar do que a ciência ou as duas devem trabalhar juntas?
Podem-se obter muitas vantagens em trabalhar juntos. A ciência médica material nos ajuda a ganhar tempo precioso, que é necessário para conseguir saltos quânticos conscientes, insights de cura.

Em seu livro Evolução Criativa das Espécies (Ed. Aleph), o senhor fala dos equívocos nas teorias tradicionais evolucionistas. Qual o senhor acha que é o principal deles?
A mais importante concepção errônea é que a teoria de evolução contínua do darwinismo possa explicar as lacunas fósseis (a descontinuidade nas linhagens fósseis evolucionárias).

O senhor acredita em Deus ou na existência de uma força superior?
Sim. E não é apenas uma crença. Está respaldada tanto por investigações científicas quanto por minhas próprias experiências de vida.

Quais são os seus projetos futuros como físico? E como espiritualista?
Como físico quântico, eu quero aplicar a ciência à consciência, a nossos sistemas sociais, desenvolver uma economia espiritual. Como uma pessoa espiritual, eu sou um ativista quântico.

O que o senhor gosta de fazer nas horas livres?
Caminhar na natureza com minha esposa. Ler romances históricos. Meditar.

O senhor se sente realizado profissionalmente? O que ainda deseja fazer?
Bem... a mudança de paradigma ainda não está completa. Eu espero viver o bastante para vê-la se completar. Eu quero inspirar pessoas a seguir o ativismo quântico, a usar os princípios quânticos para transformar a si mesmos e a sociedade.



Livros de Amit Goswami no Brasil
A Física da Alma (Ed. Aleph)
O Universo Autoconsciente (Ed. Aleph)
O Médico Quântico (Ed. Cultrix)
Criatividade Quântica (Ed. Aleph)
Evolução Criativa das Espécies (Ed. Aleph)
A Janela Visionária (Ed. Cultrix)