28 de outubro de 2011

Matemáticos revelam rede capitalista que domina o mundo

Retirado de: http://www.inovacaotecnologica.com.br/noticias/noticia.php?artigo=rede-capitalista-domina-mundo&id=010150111022&ebol=sim


Da New Scientist - 22/10/2011
Este gráfico mostra as interconexões entre o grupo de 1.318 empresas transnacionais
 que formam o núcleo da economia mundial.
O tamanho de cada ponto representa o tamanho da receita de cada uma.[Imagem: Vitali et al.]





















Além das ideologias
Conforme os protestos contra o capitalismo se espalham pelo mundo, os manifestantes vão ganhando novos argumentos.
Uma análise das relações entre 43.000 empresas transnacionais concluiu que um pequeno número delas - sobretudo bancos - tem um poder desproporcionalmente elevado sobre a economia global.
A conclusão é de três pesquisadores da área de sistemas complexos do Instituto Federal de Tecnologia de Lausanne, na Suíça.
Este é o primeiro estudo que vai além das ideologias e identifica empiricamente essa rede de poder global.
"A realidade é complexa demais, nós temos que ir além dos dogmas, sejam eles das teorias da conspiração ou do livre mercado," afirmou James Glattfelder, um dos autores do trabalho. "Nossa análise é baseada na realidade."
Rede de controle econômico mundial
A análise usa a mesma matemática empregada há décadas para criar modelos dos sistemas naturais e para a construção de simuladores dos mais diversos tipos. Agora ela foi usada para estudar dados corporativos disponíveis mundialmente.
O resultado é um mapa que traça a rede de controle entre as grandes empresas transnacionais em nível global.
Estudos anteriores já haviam identificado que algumas poucas empresas controlam grandes porções da economia, mas esses estudos incluíam um número limitado de empresas e não levavam em conta os controles indiretos de propriedade, não podendo, portanto, ser usados para dizer como a rede de controle econômico poderia afetar a economia mundial - tornando-a mais ou menos instável, por exemplo.
O novo estudo pode falar sobre isso com a autoridade de quem analisou uma base de dados com 37 milhões de empresas e investidores.
A análise identificou 43.060 grandes empresas transnacionais e traçou as conexões de controle acionário entre elas, construindo um modelo de poder econômico em escala mundial.
Poder econômico mundial
Refinando ainda mais os dados, o modelo final revelou um núcleo central de 1.318 grandes empresas com laços com duas ou mais outras empresas - na média, cada uma delas tem 20 conexões com outras empresas.
Mais do que isso, embora este núcleo central de poder econômico concentre apenas 20% das receitas globais de venda, as 1.318 empresas em conjunto detêm a maioria das ações das principais empresas do mundo - as chamadas blue chips nos mercados de ações.
Em outras palavras, elas detêm um controle sobre a economia real que atinge 60% de todas as vendas realizadas no mundo todo.
E isso não é tudo.
Super-entidade econômica
Quando os cientistas desfizeram o emaranhado dessa rede de propriedades cruzadas, eles identificaram uma "super-entidade" de 147 empresas intimamente inter-relacionadas que controla 40% da riqueza total daquele primeiro núcleo central de 1.318 empresas.
"Na verdade, menos de 1% das companhias controla 40% da rede inteira," diz Glattfelder.
E a maioria delas são bancos.
Os pesquisadores afirmam em seu estudo que a concentração de poder em si não é boa e nem ruim, mas essa interconexão pode ser.
Como o mundo viu durante a crise de 2008, essas redes são muito instáveis: basta que um dos nós tenha um problema sério para que o problema se propague automaticamente por toda a rede, levando consigo a economia mundial como um todo.
Eles ponderam, contudo, que essa super-entidade pode não ser o resultado de uma conspiração - 147 empresas seria um número grande demais para sustentar um conluio qualquer.
A questão real, colocam eles, é saber se esse núcleo global de poder econômico pode exercer um poder político centralizado intencionalmente.
Eles suspeitam que as empresas podem até competir entre si no mercado, mas agem em conjunto no interesse comum - e um dos maiores interesses seria resistir a mudanças na própria rede.
As 50 primeiras das 147 empresas transnacionais super conectadas
  1. Barclays plc
  2. Capital Group Companies Inc
  3. FMR Corporation
  4. AXA
  5. State Street Corporation
  6. JP Morgan Chase & Co
  7. Legal & General Group plc
  8. Vanguard Group Inc
  9. UBS AG
  10. Merrill Lynch & Co Inc
  11. Wellington Management Co LLP
  12. Deutsche Bank AG
  13. Franklin Resources Inc
  14. Credit Suisse Group
  15. Walton Enterprises LLC
  16. Bank of New York Mellon Corp
  17. Natixis
  18. Goldman Sachs Group Inc
  19. T Rowe Price Group Inc
  20. Legg Mason Inc
  21. Morgan Stanley
  22. Mitsubishi UFJ Financial Group Inc
  23. Northern Trust Corporation
  24. Société Générale
  25. Bank of America Corporation
  26. Lloyds TSB Group plc
  27. Invesco plc
  28. Allianz SE 29. TIAA
  29. Old Mutual Public Limited Company
  30. Aviva plc
  31. Schroders plc
  32. Dodge & Cox
  33. Lehman Brothers Holdings Inc*
  34. Sun Life Financial Inc
  35. Standard Life plc
  36. CNCE
  37. Nomura Holdings Inc
  38. The Depository Trust Company
  39. Massachusetts Mutual Life Insurance
  40. ING Groep NV
  41. Brandes Investment Partners LP
  42. Unicredito Italiano SPA
  43. Deposit Insurance Corporation of Japan
  44. Vereniging Aegon
  45. BNP Paribas
  46. Affiliated Managers Group Inc
  47. Resona Holdings Inc
  48. Capital Group International Inc
  49. China Petrochemical Group Company
Bibliografia:

The network of global corporate control
Stefania Vitali, James B. Glattfelder, Stefano Battiston
arXiv
19 Sep 2011
http://arxiv.org/abs/1107.572

25 de outubro de 2011

Neutrinos podem ser primeiras partículas a viajar mais rápido que a luz




Os neutrinos são os primeiros exemplos de partículas que viajam mais rápido do que a luz em um não meio.
A Teoria da Relatividade de Einstein está inequívoca – o mais rápido que um objeto no universo podia se mover era na velocidade da luz no vácuo, que alcança cerca de 299.792.458 metros por segundo. Viajar mais rápido que a velocidade da luz permitiria viagens rápidas para outros mundos e até mesmo a possibilitaria a viagem no tempo. Mas a teoria de Einstein de 1905 foi firme – objetos não podem viajar mais rápido que a velocidade da luz.
Erosão da Relatividade?
Nas últimas décadas, várias exceções à Teoria da Relatividade surgiram em experimentos. Por exemplo, os físicos descobriram que os fótons podem passar por certos meios a um ritmo mais rápido que a luz através de tunelamento quântico, e um outro estudo revelou que pulsos de som também podem ultrapassar os fótons em um meio.
Agora, pela primeira vez, partículas subatômicas viajaram mais rápido que a velocidade da luz. CERN, um laboratório de pesquisas nucleares da Europa, está trabalhando com neutrinos no seu experimento OPERA.
Os pesquisadores perceberam algo intrigante. O neutrino percoreu uma distância de 60 nanossegundos mais rápido que a luz, com margem de erro de 10 nanossegundos. A análise utilizou sistemas avançados de GPS e relógios atômicos para medir o tempo que os 15 mil neutrinos levaram para completar sua jornada.
As consequências do neutrino viajando mais rápido que a luz seriam absolutamente revolucionárias e muito profundas. É por isso que tal afirmação deve ser tratada com muito cuidado e validada de todas as maneiras possíveis.
De acordo com a relatividade, é preciso uma quantidade infinita de energia para fazer qualquer coisa ser mais rápida que a luz. Se existem coisas mais rápidas que a luz de fato, então a regra teria que ser reescrita.
A teoria quântica, teoria matemática sobre a qual grande parte dos resultados da física de partículas são baseados, evidencia que nada pode viajar mais rápido que a velocidade da luz em um vácuo. Para alguns físicos, é realmente uma proibição absoluta.
Física mais complicada
Proibição absoluta mesmo? Talvez não. As regras da física parecem à beira de ficar um pouco estranhas. Afinal, para a maioria dos profissionais da área, os resultados do CERN são bastante precisos.
Mas eles parecem em contradição direta com os experimentos japoneses de Kamiokande II, que mediu neutrinos emitidos a partir de uma supernova que fica a 168 mil anos-luz da Terra. As medições da estrela que explodiu indicam que os neutrinos viajam com uma parte de 100 milhões da velocidade da luz.
Isso é drasticamente diferente dos novos resultados – 2 mil vezes diferente, para ser mais preciso. Mas ambos os resultados poderiam ser corretos. Uma peculiaridade da teoria das cordas ou outras da teoria física avançada poderia conciliar as medições.
E o CERN não foge das críticas. Ele está publicando todos os seus dados na esperança de que outros físicos teóricos ajudem a verificar, ou refutar, a conclusão deslumbrante.
Uma indicação de que os resultados podem ser corretos, porém, vem de um laboratório de física nos EUA. Em seu experimento MINOS, pesquisadores têm enviado neutrinos em um experimento semelhante.
Em 2007, eles também pareciam ter observado uma viagem de neutrinos mais rápida que a luz, mas infelizmente o seu equipamento menor tornava impossível determinar se a medida era legítima ou meramente um desvio estatístico. Um dos objetivos do laboratório, agora, vai ser tentar verificar ou refutar esse resultado tanto quanto puderem.
Quão estranha é a Física?
É importante ter em mente que, enquanto esta parece ser uma violação macroscópica e substancial da Teoria da Relatividade, ela só se aplica em um cenário especial. De modo geral, a maioria dos objetos no universo ainda parecem se comportar como o esperado.
Em outras palavras, a educação da física básica não deve mudar muito ou ficar muito mais difícil com base em todas essas descobertas revolucionárias. No entanto, para pesquisadores de pós-graduação no campo da física, é melhor preparar-se para lidar com coisas muito mais estranhas.
A possibilidade de aproveitamento das viagens mais rápidas que a luz parece ser uma maravilhosa dor de cabeça. Muitos pesquisadores já estão sonhando com motores de naves mais rápidos do que a luz. Com estes equipamentos, o tempo vasto que levaria para viajar para as estrelas poderia ser drasticamente reduzido.
Algum embasamento rápido para o leigo em física: um neutrino é um pouco parecido com um elétron sem carga, embora possa aparecer de diversos tipos – neutrino do elétron, neutrino do múon e neutrino do tau. Eles são tipicamente produzidos em reações nucleares (incluindo no interior das estrelas) e quando raios de alta energia cósmica colidem com a matéria.
A cada segundo, 65 bilhões de neutrinos passam por cada centímetro quadrado perpendicular à direção do sol na região da Terra. Por essa razão, os pesquisadores costumam emitir seus neutrinos em uma direção aproximadamente perpendicular aos nêutrons solares, para que possam ser facilmente distinguidos e permitir uma calibração cuidadosa no detector.
Como outras partículas, de acordo com a Teoria da Simetria, neutrinos têm uma antipartícula conhecida como antineutrinos. No entanto, alguns acreditam que antineutrinos e neutrinos são o mesmo tipo de partícula (é difícil determinar já que eles não têm carga de distinção). Se isso for verdade, faria de neutrinos/antineutrinos o único exemplo conhecido.
Agora, se os neutrinos e antineutrinos não são idênticos, deve ser interessante ir em frente para ver se antineutrinos – produzidos a partir do decaimento e fissão nuclear, entre outras coisas – também podem viajar mais rápido que a luz. É de se esperar que sim, dado que sua única interação com a matéria é gravitacionalmente e através da força fraca, assim como acontece com neutrinos.
Mesmo ainda não comprovada, a nova descoberta deixa ânimos exaltados. E expectativas, muitas expectativas. [DailyTech]
Fonte: http://hypescience.com/neutrinos-podem-ser-primeiras-particulas-a-viajar-mais-rapido-que-a-luz/